quinta-feira, 21 de abril de 2016

Se meu coração não se emocionava mais com a presença dele, fiquei me perguntando o que eu estava fazendo ali.
Se não sonhava mais, não planejava mais, não desejava mais, não esperava mais nada, então o que eu estava fazendo ali?
Quero namorar esse homem de novo? Não. 
Quero casar, ter filhos, envelhecer ao lado dele? Não mais. Nunca mais. 
Quero dormir com ele, ainda que daquele jeito errado em que minha solidão procura um abraço e a solidão dele procura sei lá eu o quê? Não. 
Quero reviver uma memória pra me sentir viva, emprestar uma alegria pura do passado? Não, tô fora de continuar sempre no mesmo lugar.
Quero lamentar a falta de um beijo inteiro, um abraço de verdade, um carinho sem medo e uma atenção entregue sem nenhum egoísmo? Não. 
Não quero mais mudar ou fantasiar ninguém. 
Deixa o mundo ser como é. Deixa ele ser como ele é.
Quando ele finalmente parou de falar e a minha cabeça parou de gritar, o silêncio me contou um segredo que há muito tempo eu já desconfiava: é preciso coragem pra sair do automático.
Ontem, quando finalmente peguei minha bolsa e fui embora, senti um alivio imenso e novo. E combinei que meus pensamentos condicionados não mandam mais nada. Nadinha. Chega de ser comandada pela parte mais sem alma da minha existência.
Ainda que encarar um coração vazio seja mais assustador do que obedecer à velhos padrões, o prazer da coragem é sempre muito maior que qualquer susto.
Pra homem bonito dou uma de inteligente. Pra homem inteligente dou uma de bonita. Pra homem bonito e inteligente dou uma.
O tempo passou, meu amor. Eu cresci, eu aprendi, eu mudei. Hoje eu sou outra. Depois de tanto lutar pra ver o seu sorriso, eu aprendi a valorizar o meu.

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